quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Dúvidas e indagações sobre o Aikido hoje.

Stanley Pranin, é o editor do Aikido Journal. Viveu e editou revista de Aikido no Japão durante mais de 10 anos, e tem mais de 40 anos de prática do Aikido. Recentemente ele traduziu pra o portugues e reproduziu em seu site "Aikido Journal", o artigo abaixo...

Ainda ha pessoas e dojos de Aikido no Brasil praticando o Aikido sem eficiencia marcial, de forma lenta, quase um exercicio fisico ou uma dança. Isto está OK para pessoas de idades ou com problemas fisicos, mas não para gente ainda relativamente jovem, e saudável.
Vamos treinar Aikido como um Budo em todo o Brasil, e o Aikido certamente vai ser a grande alternativa marcial do seculo XXI, pois ele no fundo é um resumo de todas as estrategias e filosofias marciais do Japão que seguem o principio do DO>
Fico muito feliz que finalmente este pensamento
foi divulgado agora em massa pela internet nos EUA e para o mundo que fala ingles , pois creio que ele vai começara a iniciar um movimento de resgatar resgatar a ideia original do Aikido que já quase a duas décadas estamos tentando alertar uma grande parte dos praticantes brasileiros, que não haviam percebido esta realidade, POR FALTA DE BOA ORIENTAÇÃO, e o fizemos através de livros, publicações, artigos etc. e sempre recebemos muitas criticas por este nosso comportamento. Quando surgiu Steven Seagal, embora ele mostrasse o lado marcial do Aikido na grande midia, não deixava claro, a conexão espiritual, ética e quase religiosa do Aikido, e isto era insuficiente, pois o Aikido sem seu lado espiritual, é confundir a colher com a refeição. Muitos no inicio criticavam nossa busca constante da eficiencia técnica na prática do Aikido, nos chamando de brutos, outros de fanáticos religiosos por nossa insistencia em focar nas raizes espirituais deste Caminho. Eles não sabiam que haviamos chegado na essencia do Aikido e queriamos que todos passassem como nós a buscar os ideais de Morihei Ueshiba.
Aikido não é dança......é Budo....tem que ser eficiente. Não basta ser bonito...tem que ser marcial...ou não vai "abrir as portas do conhecimento intuitivo superior de Deus".
"O Aikido é uma arte marcial usada como ferramenta para a iluminação espiritual".

Gambatte Kudasai!!!!

Como vocês sabem, nossa preocupação no Aikido Journal é com o Aikidô como um conjunto de técnicas e uma ferramenta para atingir a resolução pacífica de conflitos. Isto significa que nosso ponto de partida é a arte formulada por Morihei Ueshiba, com suas premissas humanísticas inseparáveis. Este é o padrão pelo qual nós medimos o conteúdo da técnica e a moralidade de comportamento. Os objetivos do Aikidô também constituem nossa visão para um mundo futuro no qual interação pacífica na sociedade é atingida através da presença de uma espada habilidosa que permanece embainhada. Força, habilidade e previdência são requeridas para prevenir violência, não meramente um “desejo por paz”.

Eu tenho freqüentemente sido um crítico do conteúdo técnico atual e a prática quase casual do Aikidô vistos em muitas escolas nos dias de hoje. A razão para meu desânimo é o fato que o Aikidô praticado deste modo é uma forma degradada da arte marcial transmitida pelo Fundador. Certamente, todos são livres para praticarem como desejam, mas eu questiono a validade de chamarmos muito do que é visto hoje de “Aikidô” quando isso representa pouco mais do que uma casca vazia da arte real.

Tendo dito isso, eu gostaria de apontar um fenômeno notável. Aikidô, até mesmo nesta forma diluída, tem provado um sucesso fenomenal tanto no Japão quanto no exterior. É uma das maiores artes marciais praticadas no mundo e tem se tornado uma palavra familiar na maioria dos países desenvolvidos. Diferentemente do Judô, Karatê ou Kendô, o Aikidô tem atingido esta distinção apesar do fato de não ter se transformado em um esporte e desta forma, não ter a competição como um meio de gerar interesse. Mas se as técnicas do Aikidô como praticado hoje são fracas e ineficientes em situações de defesa pessoal, se ele não pode contar com a competição (exceto o Tomiki Aikidô) como um chamariz para atrair os jovens, então de onde vem o apelo do Aikidô?

Eu tenho pensado muito sobre esse enigma nesses últimos meses e cheguei a duas razões atrativas. A primeira é simplesmente a beleza excepcional das técnicas do Aikidô. A circularidade do movimento dos dois parceiros que não possui intenção violenta é bonito de se ver. Há um fluxo e graciosidade nas técnicas de Aikidô que não é vista na sua arte precursora, o Daito-ryu aikijujutsu. A outra característica do Aikidô que tem contribuído para sua ampla aceitação é o conceito inovador de uma arte marcial como uma ferramenta para alcançar paz. Isto não é dizer que os caminhos marciais clássicos, ou até mesmo os modernos, não enfatizem o desenvolvimento do indivíduo. Elas seguramente o fazem. Mas o que é especial sobre o Aikidô é que o seu núcleo espiritual é manifestado nos seus movimentos físicos e é integral às suas técnicas. A situação como a vejo é então a seguinte: o Aikidô por ele mesmo e os conceitos que ele incorpora são tão atraentes que ele tem sobrevivido e prosperado até mesmo em uma forma degradada. Se este é o caso, qual poderia ser então o impacto da arte na sociedade se as técnicas e conceitos do Fundador fossem re-introduzidas na arte? Tal Aikidô seria seguramente revolucionário e teria conseqüências de longo alcance!

Ainda assim nós não podemos reafirmar nossa ligação com o Fundador simplesmente declarando que Aikidô é uma “arte marcial espiritual”. Ao invés disso, líderes e instrutores da arte devem exemplificar esta espiritualidade em todos os aspectos de suas vidas, não somente no tatame. Nem podemos obter sucesso em convencer pessoas que Aikidô é uma arte marcial eficiente simplesmente demonstrando movimentos leves, delicados onde o atacante está em óbvio conluio com o seu parceiro. Nós devemos mostrar técnicas convincentes onde todas as aberturas são cobertas, onde nossos movimentos são poderosos, mas controlados e aplicados com compaixão. Somente então nós podemos fazer justiça à forma e significado pretendidos pelo Aikidô.

Nosso desafio como uma revista devotada ao estudo e propagação do Aikidô é então afetuosa e repetidamente articular essa mensagem de esperança. Penso que o desafio a vocês como indivíduos e aikidokas em todo lugar é reavaliar seu envolvimento na arte. Eu sugeriria que vocês começassem por informar-se sobre o Fundador. Há numerosos livros em Inglês (e Português) hoje que cobrem o assunto. O Aikido Journal tem, em sua encarnação mais antiga como Aiki News, publicado literalmente centenas de artigos tratando cada aspecto de sua vida e arte. Além disso, aikidokas sérios deveriam dar uma boa olhada na técnica do Fundador, que tem sido preservada em filme. No ano passado, nós lançamos um conjunto de seis volumes de fitas de vídeo documentando a arte do Fundador de 1935 até sua morte em 1969.

Finalmente, eu pediria que vocês fizessem um esforço especial para revitalizar suas próprias práticas. Se você vai investir seu tempo valioso para aprender uma arte de defesa pessoal e se empenhar numa forma de exercício para melhorar sua saúde, você não deve a si mesmo testar constantemente seus limites? Aikidô tem tal potencial como uma disciplina para crescimento pessoal e o aperfeiçoamento da sociedade que parece uma desonra não praticá-la de acordo com a intenção original do Fundador. Vocês têm em suas mãos o poder de fazer isso. Por favor, dê o seu melhor...e mais um pouco!

Stanley Pranin é o editor principal do Aikido Journal, o qual ele estabeleceu como Aiki News em 1974 em uma tentativa de fornecer informações precisas para praticantes de Aikidô de língua inglesa. Ele iniciou seu treinamento em Aikidô em 1962 em Lomita, Califórnia, e é agora 5º dan. Desde 1977, Pranin vive, treina e trabalha no Japão e publica a revista japonesa Aiki News, além de uma variedade de livros relacionados ao Aikidô. Ele é autor da Enciclopédia Aiki News de Aikidô, editor de Aikido Masters e co-autor do The Aiki News Dojo-Finder e Takemusu Aikido: Background and Basics.

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