sexta-feira, 28 de maio de 2010

Os cinco espíritos do Budo

Shoshin: (初心) Mente de principiante
Zanshin: (残心) Mente que permanece
Mushin: (無心) Não Mente
Fudoshin: (不動心) Mente Imóvel
Senshin: (先心) Espírito Purificado; atitude iluminada

Existem 5 mentes fundamentais ou espíritos do budo; shoshin, zanshin, mushin, fudoshin, e senshin. Estes conceitos muito antigos são geralmente ignorados nos dojo modernos de aikido. O budoka que se esforça para compreender as lições destes 5 espíritos em seu coração amadurecerá para se tornar um artista marcial e um ser humano forte e competente. O aluno que não se esforça para conhecer e receber estes espíritos sempre terá uma falha em seu treinamento.

Shoshin

O estado de shoshin é aquele da mente de principiante. É um estado de atenção que permanece sempre completamente consciente, atento e preparado para ver coisas pela primeira vez. A atitude de shoshin é essencial para continuar o aprendizado. O-Sensei uma vez disse, “Não espere que eu lhe ensine. Você deve roubar as técnicas sozinho”. O aluno deve ter um papel ativo em cada aula, observando com a mente shoshin, para conseguir roubar a lição de cada dia.

Zanshin

O espírito de zanshin é o estado do espírito que permanece, que continua. É frequentemente descrito como um estado continuado de atenção aumentada e de decisão. Mas o verdadeiro zanshin é um estado de foco ou concentração antes, durante e depois da execução de uma técnica, em que uma ligação ou conexão entre o uke e o nage é mantida. Zanshin é o estado da mente que nos permite permanecer espiritualmente conectados, não apenas a um único atacante, mas a múltiplos atacantes e mesmo a um contexto completo; um espaço, um tempo, um evento.

Mushin

O manual da ASU define mushin como a “Não mente, uma mente sem ego. Uma mente como um espelho que reflete e não julga”. O termo original era “mushin no shin”, que significa “mente da não mente.” É um estado mental sem medo, raiva ou ansiedade. Mushin é frequentemente descrito pela frase, “mizu no kokoro”, que significa “mente como a água”. Esta frase é uma metáfora que descreve o lago que reflete claramente o que o cerca quando suas águas estão calmas, mas as imagens são obscurecidas quando uma pedra é jogada em suas águas.

Fudoshin

Uma mente que não é abalada e um espírito que não se move é o estado de fudoshin. É a coragem e a estabilidade demonstradas mentalmente e fisicamente. Mas ao invés de indicar rigidez e inflexibilidade, fudoshin descreve uma condição que não é facilmente transtornada por pensamentos internos ou por forças externas. É capaz de receber um ataque forte e manter a postura e o equilíbrio. Recebe e devolve com leveza, está firmemente aterrado, e reflete a agressão de volta à sua fonte.

Senshin

Senshin é o espírito que transcende os primeiros quatro estados da mente. É um espírito que protege e se harmoniza com o universo. Senshin é um espírito de compaixão que abraça e serve a toda a humanidade e cuja função é reconciliar e dissipar a discórdia no mundo. Ele considera que todos os tipos de vida são sagrados. É e mente de Buda e é a percepção de O-Sensei da função do aikido.

Aceitar completamente o senshin é essencialmente a mesma coisa que se tornar iluminado, e pode ir muito além da abrangência do treinamento diário do aikido. Entretanto, os primeiros 4 espíritos são provavelmente atingíveis por qualquer aluno sério através de atenção concentrada e treinamento firme. Abraçar estes estados da mente pode ser recompensador de diversas formas.

Shoshin pode libertar um aluno do “vale” frustrante do aprendizado, dando-lhe a visão para enxergar o que ele não poderia ver antes. Zanshin pode aumentar a atenção total, melhorando o treinamento de randori e de estilo livre. Mushin pode liberar a ansiedade do aluno quando está sob pressão, capacitando-o para uma performance melhor durante um exame. Fudoshin, pode lhe dar a confiança para proteger seu território em face de ataques físicos esmagadores. O aikidoka sério deve encontrar formas de incorporar estes espíritos do budo em seu treinamento diário.
Por Dan Penrod – 27 de Agosto de 2006
http://www.budodojo.com/FiveSpiritsOfBudo.htm
Tradução - Jaqueline Sá Freire (Brazil Aikikai - Hikari Dojo – Rio de Janeiro)

domingo, 23 de maio de 2010

O Mestre e o Discípulo


Quem leu o livro sobre o grande samurai Miyamoto Musashi pode lembrar de seus embates marciais com seu discípulo Jotaro, que era invariavelmente derrotado. Porém Jotaro sempre retomava o embate e dizia que um dia iria vencer o grande mestre. Musashi perderia para Jotaro se ele um dia se tornaria melhor do que ele no uso da espada e por isso iria vencê-lo? E Jotaro respondia dentro de sua simplicidade que como ambos estavam envelhecendo e era era muito mais novo, chegaria o dia em que Musashi estaria mais velho e ele -Jotaro - no auge de sua forma física e então suas chances de vitória seriam potencialmente maiores.
Menciono essa passagem para falar sobre o grande mito Mestre x Discípulo. Alguns entendem que o mestre nunca poderá ser superado pelo discípulo e que esse – discípulo - nunca terá o pleno alcance de seus emblemáticos conhecimentos.
Entendo que cabe ao discípulo, até como forma de reconhecimento e gratidão, tentar sempre superar o mestre, instigando-o a estar atendo, buscando seu crescimento e aperfeiçoamento marcial. Cabe ao mestre, por sua vez, entender a ânsia por conhecimentos de seu discípulo, entender, por vezes, seu pouco preparo, sua imaturidade.
Ser mestre significa, também, encorajar seu discípulo para que ele cresça, se fortaleça e, porque não dizer, venha a superá-lo em algum momento.
Quando o discípulo supera o mestre aí completa-se, verdadeiramente, o ciclo. O mestre entende que ensinou tudo que podia e que o discípulo acrescentou aos conhecimentos suas próprias virtudes e sua exclusiva forma de se expressar marcialmente. É um momento mágico, um rito de passagem que transformará o discípulo em mestre sem, contudo, perder a referência ou mesmo o respeito ao seu mestre.
Escrevo sobre esse tema para expor meu pensamento, mas também para salientar a forma generosa e corajosa como meu mestre Carlos Sensei encara sua responsabilidade dentro do Aikido. Generosa porque não impede que seus alunos alcancem maiores graus e responsabilidades e corajosa porque entende que o seu papel é ser referência para quem está vindo e que o papel do verdadeiro discípulo é buscar o conhecimento, absorvendo o que o mestre tem a mostrar.
Vemos, no caminho das artes marciais, “mestres” que impedem seus alunos de crescer, de atingirem níveis e graduações por, ao final, estarem temerosos de seus “postos” e “cargos”.
Parabenizo meu mestre Carlos Sensei por possuir o entendimento maior de que deve exigir de seus alunos cada vez mais, dentro de suas possibilidades, ao mesmo tempo em que concede espaço para que os mesmos cresçam e atinjam suas metas, galgando seus degraus e encontrando seus próprios espaços.


Zilmor Lima de Oliveira Filho
Professor do Kawai Shihan Dojo
3º grau fundação Aikikai do Japão

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Reflexão

Cuidado para não ser como aqueles que nunca treinam o suficiente e se tornam "mestres", porque eles falam como experts.Em tempos antigos,estes homens eram chamados de "kuchi bushi". Um termo pejorativo escrito em caracteres que significam kuchi-boca e buchi guerreiro. Nestes dias
estes "guerreiros de boca" são comuns e se proliferam como as areias das praias.

domingo, 2 de maio de 2010

Yudansha - Faixa Preta

         " O título de Yudansha (Faixa Preta) é concedido por várias razões, não apenas por habilidades técnicas. Só porque uma pessoa recebe um certo ranking de Yudansha, não significa que ele ou ela conseguiram o respectivo nível de habilidade naquele momento. Significa que eu sinto que a pessoa está no limiar e crescerá naquele nível com a pressão da responsabilidade que adquiriu" (Escrito por Sensei Mitsugi Saotome)