terça-feira, 10 de novembro de 2009

O Básico da Pratica; Ser Livre Como a Natureza

Por Endo Seishiro, Aikido Saku Dojocho 8 Dan, Traduzido para o português por Jaqueline Sá Freire – Instituto Takemussu Hikari Dojo

O Aikido começou a se difundir a cerca de 50 anos no Japão, e nos últimos 35 anos se expandiu para o mundo. A popularidade do Aikido hoje é impressionante; organizações de Aikido já foram autorizadas pelo Hombu Dojo em mais de 70 paises, e mesmo ainda sem autorização, o Aikido está se tornando popular em vários outros paises. E enquanto o Aikido continua a se expandir, e o numero de alunos com mais de 20 a 30 anos de prática aumenta cada vez mais, eu fico imaginando qual é o tipo de prática que deveríamos almejar. Acredito que praticamos para adquirir um movimento dinâmico e uma liberdade que existe no coração do movimento. Entretanto, acho que os alunos que vêm praticando por mais tempo tendem a ser mais duros e fazem movimentos muito estereotipados. Como uma pessoa vê a prática de outra? Que significado podemos encontrar na contínua repetição de movimentos da prática de waza?Eu me lembro de uma historia sobre Pablo Casals, um grande violoncelista que tocava (e rezava) pela paz mundial na época das guerras mundiais. Quando ele tinha 13 anos, ele encontrou as Suítes para violoncelo solo de Bach, algo em que ninguém tinha interesse naquela época, e começou a tocar essas suítes todos os dias. Como as suítes de Bach consistem em seis movimentos, ele tocava uma por dia, e portanto, tocava cada movimento pelo menos uma vez por semana. Ele continuou essa prática diariamente até morrer aos 96 anos de idade. "Era como uma oração em minha casa," ele dizia. Acho que ele purificava sua mente primeiro tocando uma das suítes de Bach, e assim, energizado, ele podia fazer suas maravilhosas performances. Acredito que as performances criativas de um gênio como Casals são o resultado de uma “liberação da mente e do corpo", a qual ele atingiu através de sua incessante busca por uma prática básica. Apesar das diferenças entre a musica e o Aikido, eu realmente fui inspirado por essa historia, e sinto que existe nela alguma coisa importante para mim, enquanto eu persigo a prática do Aikido através de minha vida. Ueshiba Morihei, o Fundador do Aikido, em seus últimos dias, às vezes aparecia no Hombu Dojo e perguntava ao Shihan que estava no comando naquele momento, "O que você está ensinando agora?" O Shihan respondia que estava demonstrando shiho-nage, e o Fundador respondia, "O que é shiho-nage?" Em sua prática o Fundador demonstrava seus waza de forma livre, frequentemente fazendo a mesma técnica de varias formas diferentes, dizendo "Agora, faça desta maneira” e "Desta vez, faça assim". Ele costumava dizer que o Aikido é o caminho do Kanagara. Minha compreensão do caminho do kanagara é ser e agir de uma maneira natural. Eu acredito que o Fundador era sempre natural ao agir contra o ataque do oponente e produia seu waza para isso. Apenas a liberação da mente e do corpo podem capacitá-lo para utilizar totalmente seu corpo, livre do preconceito mental de que o waza deva ser feito de uma maneira especifica. Manter o que é básico, ser criativo e agir de maneira natural, isso é a liberação do corpo e da mente que Casals e Morihei atingiram. Vamos segui-los?

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