segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Guerras Civis no Japão

As guerras civis japonesas, deixaram o Japão em constantes batalhas num momento conturbado de sua história. Os senhores feudais lutavam pelo poder, por novas conquistas, por terras e para manter sua soberania em seus territórios. Veja aqui algumas delas.

 Okehazama
 Mikatagahara
 Sekigahara
 Guerra Genpei

A Batalha de Okehazama

Em 1560, Imagawa Yoshimoto resolver ir para o oeste. Num movimento audacioso, queria conquistar tudo, o clã Oda e chegar até Kyoto, seu objetivo final. Juntou um exercito de 25 mil homens de Suruga, Totomi e Mikawa e partiu em junho, deixando seu filho Ujizane controlando suas possessões.
         Matsudaira Motoyasu partiu com ele. As tropas de Imagawa foram para vários fronts atacar três castelos. Os líderes dos lugares sob ataque conseguiram avisar Nobunaga, que, em vez de adotar uma postura defensiva – devido ao grande número de inimigos -, partiu para o combate final e inevitável.
         Numa manhã cinzenta, Nobunaga conduziu alguns homens em direção ao exercito de Imagawa. Conseguiu também um número de samurais ashigarus suficientes para dar credibilidade ao seu ataque, mesmo estando em desvantagem de dez para um. Imagawa comemorava o sucesso de sua campanha. Enquanto o seu exercito descansava, Nobunaga se aproximava e montava um estratagema. Colocou suas bandeiras em uma colina e desceu para atacar. Por sorte, uma tempestade desabou. Os homens de Imagawa saíram para atacar onde supunham que Nobunaga estava. Após a saída de um grande número, Oda invadiu. O tumulto e a ferocidade do ataque foram tão grandes que Imagawa imaginou que uma briga havia explodido entre seus homens. Ele só entendeu o que havia acontecido, quando um soldado de Nobunaga, o atacou, arrancando sua cabeça. O exercito de Imagawa estava derrotado.
         Contudo, Matsudaira Motoyasu, que estava num cerco de castelo, ainda estava vivo e soube da morte de Imagawa. Essa vitória em Okehazama mudou a história do Japão. Oda Nobunaga ganhou fama e respeito. Matsudaira Motoyasu assumiu o controle das forças de Imagawa e estabeleceu Mikawa como uma província independente. O resultado disso tudo se daria na batalha de Anegawa.

A Batalha de Mikatagahara

Entre as 16 e 17 horas do dia 4 de fevereiro de 1572, iniciou-se uma batalha violenta no planalto de Mikagatahara, entre o exército de 25.000 soldados de Takeda Shingen  que seguia para Kyôto, e o exército de 11.000 de Tokugawa Ieyasu , que incluía 3.000 soldados de reforço enviados por Oda Nobunaga .
De acordo com o Conto de Mikawa, de Okubo Hikozaemon , Shingen iniciou a batalha mandando um dos soldados da linha de frente jogar pedras nos oponentes.
Embora o exército de Tokugawa estivesse em desvantagem devido ao menor número de soldados, a luta perdurou por vários dias devido ao árduo esforço do comandante Ishii Kazumasa . No entanto, quando as tropas lideradas por Takeda Katsuyori  finalmente quebraram as defesas do exército de Tokugawa, este rapidamente se desequilibrou. De acordo com as descrições do Conto de Mikawa, o exército de Tokugawa, protegendo Ieyasu, começou a fugir em massa para o Castelo de Hamamatsu.
Como a perseguição pelos soldados de Takeda parecia nunca perder o ímpeto, Natsume Yoshinobu  e vários outros bravos samurais fizerem-se passar por Ieyasu e foram mortos.
Ieyasu tinha, então, apenas 31 anos. Tendo como adversário o veterano de guerras Shingen Takeda, foi uma batalha na qual esgotou todos os recursos. Esta foi uma das raras derrotas que Ieyasu teve em toda sua vida.

A Batalha de Sekigahara

A Batalha de Sekigahara foi, provavelmente a maior batalha de todas. Em seis horas de confronto, morreram 35 000 homens só do lado derrotado. Pode  não parecer um grande número para quem vive em uma era como a nossa, em que o assassinato em massa é um recurso cada vez mais acessível a qualquer imbecil. Mas é uma formidável carnificina para  um tempo em que as lutas aconteciam homem a homem, olho no olho, lâmina contra lâmina. O massacre durou 3 dias e deu a Tokugawa Ieasu o título de xogun no período Edo em 1600 derrotando Hideyori e alguns rivais. assim Tokugawa é nomeado pelo imperador o novo Shogun. Abaixo o relato do confronto:
        Depois de uma campanha de guerrilhas e escaramuças, fixou-se o combate decisivo para o dia 1o de outubro de 1600. As duas legiões tinham de encontrar-se no extenso planalto de Sekigahara, na província de Mino. Avistam-se ao raiar daquele dia e avançam de longe uma contra .'. outra com igual denodo. Os Príncipes de Satzuma comandam a direita dos Coligados, Konichi o centro, e Tchidá, um cristão, dirige a esquerda, levando no loudel uma cruz vermelha sobre o peito; Ieiás faz o comando em chefe das suas forças e não tem consigo outro general.
        Disparam-se os primeiros tiros de bombarda; começa a fuzilaria de arcabuzes; mas nesse instante cai dos céus um terrível nevoeiro, e estende-se como lúgubre mortalha sobre o campo da peleja, cegando todos os combatentes. Os Coligados param, perturbam-se; Ieiás porém avança firme por entre a espessa bruma, recomendando aos seus de não fazerem alarme, e rojando-se que nem o tigre quando fareja a presa descuidosa.
        Rasga-se num relance o nevoeiro de alto a baixo, o sol de novo inunda os arraiais, atroa os ares o alarido bélico, e os Coligados estremunham, dando de surpresa pela frente com o inimigo, que feroz se atira sobre eles. Começa logo então, desordenadamente, a luta corpo a corpo, numa confusão estrepitosa de homens, armaduras, cavalos e carretas, que se arrastam de roldão com um só impulso. Ninguém mais se entende; cruzam-se os ferros, partem-se azagaias, arrancam-se punhais; é cara a cara, e a pulso a pulso que a luta se incendeia.
        Meio dia. O sol a pino e a vitória indecisa. Um momento mais de resistência dos Coligados e os Tokugawas terão de ceder à desproporção do número. Ieiás pressente a derrota; voa num galope à retaguarda, toma a frente das forças de reserva e avança com elas, empunhando o seu branco pendão de rosas malvas. Ruflam metálicos tambores à vista dos brasões do Chefe; tam-tans retinem; os búzios ressoam à laia de trombetas; maior levanta-se o clamor das hostes, e, de um arranco, Ieiás rompe as fileiras dos daimyos assombrados. Quem pode resistir a um tal arranco? "Decepar! Decepar!" grita ele aos seus guerreiros, dardejando a alabarda fumegante de sangue. E os fracos fogem; e os fortes apunhalam-se, para não deixar essa honra aos inimigos.
        Ao declinar do sol, Ieiás era senhor do campo, distribuía postos militares e, pela primeira vez no Japão, armava, sob a sua espada, cavaleiros, os samurai que se haviam distinguido na batalha. Para essa nova formalidade, semente de uma nobreza submissa com que ele havia de engrandecer-se na paz, pede o seu capacete emplumado, aparelha-o na cabeça e diz, ao abrochar-lhes os loros de seda escarlate:
— É só depois da vitória que um General deve ornar-se com este festivo toucado de gala!
        Na manhã seguinte fez a sua entrada triunfal em Hikone e depois em Osaka, no meio da aclamação unânime de vencedores e vencidos. Os príncipes do Sul e do Oeste, de cabeça baixa, humilhados, franquearam-lhe os seus domínios em troca do indulto, que ele, contra a norma até aí estabelecida, cedeu com uma demência já de perfeito soberano em que pese a desgraça dos seus súditos.
        E a partir desse momento, o herói de Sekigahara ficou sendo, se não logo de direito, mas incontestavelmente de fato, dono e senhor absoluto do Japão. Em 1603 restabelece o Shogunato, cujo posto assume, convertendo-o agora em poder hereditário, e criando assim, ao lado da velha dinastia dos Micados a nova dinastia dos Tokugawa. A Suserania Shogunal deixa de ser desde então revogável pela Coroa e dependente da vontade dos daimyos, para se arrogar foros de pura autocracia aristocrática, perdendo de todo o primitivo caráter subalterno de intermediário entre a Nobreza militar e o Trono místico. Não podendo Ieiás tomar do Micado também o título para si, inventa o de Tai-Kum (Grande, Primeiro ou Maior Senhor), o qual, em boa lógica, não passa de um sinônimo do outro. E assim se consumou essa estranha duarquia que, duzentos e cinqüenta anos depois, tanto enleio e perplexidade veio a produzir nas relações internacionais do Japão. O Império, sem deixar de ser império, passou a ter duas autoridades paralelamente heráldicas e majestáticas, igualmente supremas e respeitável — o Micado, a quem a nação inteira venerava como um Deus e o Shogun, a quem ela temia como um Rei absoluto; as grossas rendas do Estado logo se derivaram para as mãos deste, não indo para as do outro mais que as sobras, porque ao primeiro cabia, com os seus punhos fortes; prover todas as ineludíveis e ásperas coisas cá da terra, ao passo que o segundo, de palmas finas e defumadas, tinha de haver-se apenas com as boas e complacentes coisas do céu.

A guerra de Genpei, o fim de uma era

Durante o período Heian, o Japão passava por uma grande instabilidade política. As batalhas pelo poder eram constantes. Nesta época, 2 poderosos clãs de samurais disputavam o controle do país: os Minamoto (Genji) e os Taira (Heike). E entre os muitos conflitos envolvendo os dois clãs, destaca-se a Guerra de Genpei, o qual marcou o fim de um período e o estabelecimento do xogun, que significa generalíssimo, supremo mandatário militar, agora como administrador do país.
A guerra tivera início em 1180 quando Minamoto Yorimasa indicou um candidato a imperador diferente dos Taira. No mesmo ano, ocorreu em Kyoto, a primeira batalha de Uji. Os Taira perseguiram o príncipe Mochihito, candidato ao trono imperial do clã rival, até um templo na periferia de Kyoto, chamado Mii-dera. Nesta batalha, ao tentar ajudar o príncipe, Yorimasa foi atingido por uma flecha e para não se render aos inimigos, praticou o seppuku, suicídio pelo desventramento. O príncipe foi assassinado logo depois.
Com a morte de Yorimasa, seu sucessor Yoritomo, assume o controle do clã e enfrenta os inimigos em várias batalhas: Ishibashiyama em 1180, Fujigawa também em 1180, Sunomata em 1181 e Yahagigawa. Após tantas batalhas, o desgaste é inevitável e parte de ambos os clãs recuaram para cidades mais distantes. Yoritomo deixou seu primo Yoshinaka no comando das batalhas de Hiuchiyama e Kurikara/Tonamiyama. Na mesma época, Kiyomori, comandante dos Taira faleceu. E meses após a última batalha, Taira Munemori levou o seu clã para Shikoku com o imperador Antoku.
Yoshinaka, no comando de um exército desorganizado, atacou o palácio Hojujidono. Incendiou o local, matou todos os guardas e contra vários membros da corte, colocou o imperador Go-Toba no poder. Yoshinaka ainda comandou a segunda batalha de Uji e morreu em 1184 na batalha de Awazu.
Minamoto Yoshitsune, irmão mais novo de Yoritomo, se tornou o novo general do clã de Yoritomo. Uma de suas mais importantes vitórias foi na famosa batalha de Ichi-no-Tani, um acampamento dos Taira na região oeste da atual Kobe. O local era protegido ao norte por um penhasco, ao sul por uma baía, onde estavam atracados os navios dos Taira e a leste e oeste, guardas garantiam a segurança dos companheiros. Mas nada disso foi o suficiente para Yoshitsune. Ele separou um grupo com aproximadamente 100 guerreiros e desceu as montanhas a cavalo, surpreendendo aqueles em vigília. Outros dois grupos atacaram o lado leste e oeste forçando o recuo dos Taira aos navios. Antes da última batalha da guerra, Yoshitsune ainda venceu a batalha de Yashima em 1185.
Em 24 de abril do mesmo ano, ao norte de Kyushu, os dois clãs inimigos travaram a batalha de Dan-no-Ura, a qual encerra a guerra. Estima-se que os Minamoto contavam com uma frota de 850 navios contra 500 dos Taira. Mesmo com um número inferior os Taira conseguiram conter o ataque inimigo graças às manobras dos navios e seus hábeis arqueiros. Mas a maré mudou e no combate corpo a corpo o exército de Yoshitsune era impecável. Diante da inevitável derrota, iniciou-se o processo de suicídio em massa. Samurais, membros da família Taira e o imperador Antoku lançaram-se ao mar. Taira Munemori não se suicidou e foi executado como um covarde.

Fontes:
http://www.chinahistoryforum.com/lofiversion/index.php/t12376.html
http://www.city.takamatsu.kagawa.jp/ENGLISH/rekisi/genpei/genpei.html
http://everything2.com/title/Gempei%2520War
Revista Grandes Guerras, abril 2008
Publicado por Bruno Kaneoya no site NipoCultura

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